quinta-feira, 27 de março de 2014

Você ama quem você ama

"If it's who you love, then it's who you love"
John Mayer, cantor e instrumentista americano



Sua vida mudou no dia em que conheceu Apolo. Não era muito alto, nem muito bonito. Mas falava com os olhos e tinha o sorriso mais bonito que já tinha visto. Era amigo da namorada do irmão de uma vizinha, e se conheceram numa festa de aniversário. Mas, passada a festa, ficaram meses sem se falar.

Um dia, acidentalmente, encontraram-se na saída de um show de jazz. Ambos sozinhos. Reconheceram-se e toparam esticar a conversa, durante um jantar. Apolo era cavalheiro e se interessava por cada palavra que saía da sua boca. Conversaram longamente e ali, naquele primeiro encontro, aprenderam um monte de pequenos detalhes um sobre o outro: os medos, as alegrias, o filme predileto, a fruta predileta, as músicas, os livros. Era um homem culto, de muitas leituras e muitas viagens. Falava 3 idiomas. Um homem admirável.

Surgiu dali uma amizade sincera, temperada pela admiração e por um interesse diferente do que conhecera até ali. Voltaram a sair outras vezes. Um dia, foram comer sushi. Em outro, comida francesa. Noutro, massa. Pastel com caldo de cana. Empanada. Parillada. Pato no Tucupi. Vatapá. Baião de dois. Paella. Cebiches. Sauerkraut. Smogasbord. Experimentaram de tudo juntos.

Viram filmes de tudo que foi jeito. Comédias românticas, besteirol, dramas, ação, animação, filmes-cabeça.

Foram a shows, concertos, saraus. Foram ao teatro, a museus, a sebos de livros.

Um dia, por impulso, resolveram que iriam acampar juntos. Decidiram ao meio-dia. Às 18h, estavam na estrada. E ali, nas curvas da estrada já escura, com o confortável silêncio do rádio que já não pegava nenhuma estação, perceberam: estavam namorando. Namorando há tempos. Foi só naquela viagem, meses após terem se conhecido, que passaram a primeira noite juntos, surpresos e nervosos, como se tivessem 10 anos menos do que na verdade tinham.

E assim, seguiram. Namorando e descobrindo semelhanças e interesses. Rolaram novas viagens, novas brigas, saudades, traição, reconciliação, histórias para contar. Havia retratos em comum, só dos dois - sem obrigação de postar no Facebook. Havia amizade, cumplicidade e respeito. E, finalmente, havia maturidade.

Chegou, então, o dia especial. O dia em que Apolo seria pego de surpresa. Talvez fosse ousadia demais... mas era uma coisa que precisava fazer. O momento havia chegado. Não havia dúvidas de que era ele a pessoa com quem gostaria de passar o resto da sua vida.

Encontraram-se e deram um longo abraço, como sempre faziam. Mas, naquele dia, durou um pouco mais. Ficaram ali, abraçados por vários segundos.

- Está tudo bem?! - Apolo perguntou, sem soltar o abraço.
- Preciso te perguntar uma coisa.
- O que foi?
- Vem morar comigo?

O abraço se desfez imediatamente, e o sorriso no rosto de Apolo, com seus olhos arregalados e felizes, dava a resposta esperada.

- Mas é claro que eu vou! - sorrindo, sem acreditar - É claro que eu vou!

Desde aquele dia, Apolo e Rogério estão casados. E vêm tendo dias de alegrias, de dúvidas, de amor, de desejo, de brigas, de ira, de saudades e de distância. Exatamente como o João e a Maria, o Ahmed e a Rebeca, o James e a Esperanza, o Masaharo e a Lin, o Juan e a Severina, a Luana e a Júlia. Exatamente como qualquer outro casal. Absolutamente qualquer outro casal.

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